As tarifas de importação sobre aço e alumínio nos Estados Unidos foram elevadas de 25% para 50% a partir desta quarta-feira (04/06/2025), conforme decreto assinado pelo presidente Donald Trump. A medida, justificada como necessária para “proteger a segurança nacional e a indústria siderúrgica americana”, impacta diretamente o Brasil, segundo maior fornecedor de aço para os EUA, e pode intensificar as tensões comerciais globais.

Detalhes da Nova Tarifa

  • Aumento imediato: As novas tarifas entraram em vigor às 00h01 (horário de Washington) e atingem todos os países exportadores, exceto o Reino Unido, que mantém a taxa de 25% devido a um acordo comercial recente.
  • Justificativa: O governo americano alega que as tarifas anteriores não foram suficientes para frear a entrada de produtos estrangeiros a preços baixos, prejudicando a competitividade das indústrias locais.
  • Impacto global: A medida intensifica a guerra comercial iniciada por Trump em seu primeiro mandato e pode pressionar outros países a retaliarem ou renegociarem acordos.

Brasil Entre os Mais Afetados

O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, com exportações de US$ 4,67 bilhões em 2024 (14,9% do mercado norte-americano), atrás apenas do Canadá (24,2%). Além disso, os EUA são o destino de 47,9% das exportações brasileiras de aço e ferro, tornando o país extremamente dependente desse mercado.

Consequências para o Brasil

  1. Queda nas Exportações: Empresas como ArcelorMittal e Ternium podem enfrentar redução nas vendas, já que os preços dos produtos brasileiros ficarão menos competitivos.
  2. Excesso de Oferta no Mercado Interno: O aço não vendido aos EUA pode inundar o mercado doméstico, reduzindo preços e pressionando a lucratividade das siderúrgicas.
  3. Risco de Desemprego: Setores como mineração, siderurgia e logística podem sofrer cortes de postos de trabalho devido à queda na demanda.

Reações Internacionais

União Europeia e Canadá

  • A União Europeia já sinalizou que pode retaliar com tarifas sobre produtos americanos, como automóveis e alimentos.
  • O Canadá, maior fornecedor de aço para os EUA, classificou a medida como “injusta” e busca negociações para evitar maiores prejuízos.

China e México

  • A China, maior produtora global de aço, acusou os EUA de violar acordos comerciais e prometeu tomar medidas para proteger suas exportações.
  • O México, terceiro maior exportador de aço para os EUA, criticou a medida e pediu isenção, argumentando que a balança comercial favorece os americanos.

Posição do Governo Brasileiro

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, reforçou a busca por diálogo em vez de retaliação.

“Entendemos que o caminho não é olho por olho. Se fizer olho por olho, todo mundo fica cego. O caminho no comércio exterior é ganha-ganha”, afirmou Alckmin.

Perspectivas para o Mercado Global

  • Aumento de Preços: Analistas preveem que a tarifa de 50% elevará os custos do aço e alumínio nos EUA, impactando setores como construção civil e automotivo.
  • Pressão sobre Acordos Comerciais: A medida coincide com o fim de uma trégua de 90 dias nas tarifas globais de Trump, que vence em 8 de julho. Países como Canadá, México e UE correm contra o tempo para evitar novas taxas.

Conclusão: Uma Guerra Comercial em Ascensão?

A decisão de Trump reflete sua política protecionista, mas também pode desestabilizar as relações comerciais globais. Enquanto os EUA buscam fortalecer sua indústria, países exportadores como o Brasil precisam diversificar mercados e buscar alternativas para minimizar os impactos econômicos.

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